Interactive Stories/Rashia/Rashia pede alguma coisa para comer/Rashia Responde Que Não

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Assustada, Rashia respondeu:

-Não, moço! Eu não.

-O que você quer aqui, então?

Rashia ficou com medo de que o acordo secreto que tinha com a filha do padeiro tivesse sido descoberto. Aquela moça era a única pessoa que a tratava bem. Rashia queria evitar ao máximo que o homem descobrisse o que a filha fazia sem sua autorização.

-Nada, nada não...

Ela disse e foi se afastando, olhando para baixo.

Depois de alguns passos ela ouviu a porta da padaria sendo fechada.

Aquele dia ela ia ter que passar sem comer nada.

Continuou caminhando, lentamente, até chegar à esquina. Tentava imaginar o porquê de a filha do padeiro não ter ido trabalhar aquele dia. Será que estava mesmo doente?

Rashia ficou ali, na esquina, por alguns minutos. Não tinha nada mais a fazer. Não tinha para onde ir. Sua única opção aquele dia era voltar para seu abrigo improvisado, feito com caixotes de madeira e caixas de papelão. Pelo menos estaria razoavelmente protegida contra o frio.

Resignando-se com sua situação, ela deu meia-volta e começou a caminhar de volta. Após alguns passos, teve um susto. A porta da padaria se abriu novamente. Rashia parou. Quando percebeu que o padeiro tinha saído para a calçada, ela pensou em se esconder em algum dos arbustos plantados na frente de uma casa.

Mas não teve tempo para isso.

-Hei, você! Menina!

Rashia ficou apreensiva. O que será que ele queria com ela?

Logo saberia, pois o grandalhão começou a caminhar em direção a ela.

Ela não conseguiu se livrar completamente da sensação de medo, enquanto aquele homem rústico se aproximava dela, cada vez mais parecendo um gigante prestes a esmagá-la.

Ele tinha um pacote nas mãos. Abaixou-se um pouco e estendeu a mão, aproximando o pacote dela.

Logo ela sentiu o maravilhoso cheiro do pão recém saído do forno.

-Alguém encomendou isso, mas não veio buscar. Você quer?

Rashia foi tomada por um turbilhão de emoções conflitantes. Seu estômago gritava de alegria. Mas sua intuição soava um alerta de perigo. Seria aquilo uma armadilha?

Hesitante, ela começou a dizer:

-Eu não tenho dinheiro...

Mas o grandalhão a interrompeu:

-A pessoa que encomendou já pagou. Eu vou embora agora. Ninguém veio buscar. Se deixar para amanhã, vai esfriar e endurecer, e não vão mais querer, de qualquer jeito. Se você não quiser, vou acabar tendo que jogar...

Desta vez foi a menina que o interrompeu:

-Eu quero sim!

Sem dizer nada, o homem simplesmente entregou o pacote à menina.

Rashia agradeceu, atropelando-se com as palavras.

O padeiro se despediu com um gesto e foi embora.

Rashia teve que usar a manta para não queimar as mãos. Queimou a boca com o pão quente. Mas não foi este o único motivo de suas lágrimas.


FIM